Livro Otávia | Pseudo-Sêneca | Tradução, Introdução e Notas de Zélia de Almeida Cardoso | Edição Bilíngue

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Com a tradução de Otávia, tragédia pretexta pseudossenequiana, antecedida de um estudo sobre o texto, a Editora Madamu apresenta o último trabalho da professora Zelia de Almeida Cardoso (1934-2021), que foi Professora Titular Sênior de Língua e Literatura Latina da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Otávia – peça cujo enredo gira em torno do repúdio e da condenação da primeira esposa de Nero – se situa na raiz da teatrologia ocidental baseada em fatos da história romana. Representa o ponto inicial de uma tendência que iria desenvolver-se durante a Idade Média, atingindo o Renascimento, para florescer com a dramaturgia elizabetana e com o seiscentismo francês, chegar ao século XVIII e permanecer durante o Romantismo, o Realismo e o Modernismo, quando autores de peças teatrais e de textos e roteiros a serem utilizados em produções cinematográficas se ocuparam de temas referentes à história de Roma, sob seus múltiplos aspectos.

Se reduzíssemos o texto a uma “grande frase”, a fim de determinar-lhe a “estrutura sintática”, ou seja, as relações de dependência existentes entre as suas diversas partes, teríamos algo como: “Otávia, filha de Messalina e do imperador Cláudio, órfã, infeliz, enraivecida e desesperada, é repudiada por Nero que, depois de casar-se com Popeia, expulsa a ex-esposa de Roma e a condena à morte, acusando-a de fomentar uma sedição popular”. São os elementos de tal “frase” que se desdobram nos diversos atos que compõem a pretexta.

Nesta edição trazemos o texto em latim e a tradução em português, além de diversas notas explicativas e um glossário de nomes próprios que devem auxiliar o leitor a mergulhar no universo de intrigas e despotismo do palácio de Nero.

 

Título: Otávia - edição bilíngue: latim-português
Edição: 1a.
Ano: 2021
Autor: Pseudo-Sêneca
Introdução, tradução e notas: Zelia de Almeida Cardoso
Páginas: 198
Formato: 14 x 21 cm
Acabamento: Brochura
ISBN: 978-65-86224-11-5

Leia, a seguir, a apresentação e um trecho do estudo introdutório de Otávia, escritos pela professora Zelia de Almeida Cardoso.

Apresentação
Há alguns anos, quando, por recomendação do CNPq, foi criado na USP o Grupo de Pesquisa “Estudos sobre o Teatro Antigo”, do qual fui membro fundador e uma das coordenadoras, pensei em fazer uma investigação que focalizasse o drama histórico no mundo romano, levando em consideração o fato de serem muito raros, em nossos meios, os estudos sobre a dramaturgia latina baseada em acontecimentos reais, se comparados com o grande número de trabalhos acerca da tragédia e da comédia clássicas.

Embora se soubesse que, de toda a produção dramática, de caráter “histórico”, que foi composta, em Roma, do século III a.C. ao século I de nossa era, a única peça supérstite era o drama intitulado Otávia, a importância desse texto me pareceu indiscutível.

Otávia – peça que se ocupa do repúdio e da condenação da primeira esposa de Nero – se situa na raiz da teatrologia ocidental baseada em fatos da história romana. Representa o ponto inicial de uma tendência, que iria desenvolver-se durante a Idade Média, atingindo o Renascimento, para florescer com a dramaturgia elizabetana e com o seiscentismo francês, chegar ao século XVIII e permanecer durante o Romantismo, o Realismo e o Modernismo, quando autores de peças teatrais e de textos e roteiros a serem utilizados em filmes cinematográficos se ocuparam de temas referentes à história de Roma, sob seus múltiplos aspectos.

Além de possibilitar uma análise em vários níveis, Otávia suscita uma investigação sobre alguns problemas teóricos de grande importância na atualidade, tais como o da definição da “ficcionalidade histórica” e os que decorrem da concepção da estrutura de uma obra dramática.

Elaborei, então, um Projeto de Pesquisa, que intitulei “O drama histórico no mundo romano e seus desdobramentos” e o submeti à aprovação do CNPq. De acordo com esse projeto, os objetivos elencados se constituíam em detectar os elementos históricos da tragédia Otávia, confrontando-os com dados obtidos em fontes primárias, sobretudo em obras de historiadores gregos e romanos; estabelecer um princípio teórico a partir da discussão da problemática da “ficcionalidade histórica”; levantar a questão da conceituação de poder e tirania; apontar os elementos dramáticos da peça à luz das teorias semióticas, partindo da análise do discurso e determinando as macro-estruturas textuais que revelam a “gramática do texto” e indicam os elementos actantes; analisar a estruturação dos personagens, tomando por base o estabelecimento de sua contextura dramática e o emprego do discurso poético. Como coroamento da investigação, propus-me a traduzir a tragédia, acrescentando à tradução notas explicativas e um estudo introdutório, e a preparar o texto final para a publicação.

A meu ver, a pesquisa se justificaria por si própria. Otávia, como disse, é uma obra única, representativa de um gênero cuja importância perdura até nossos dias. Apesar disso, não havia, no país, até então, estudos sobre a peça, embasados em teorias científicas, e, nem ao menos, uma tradução do texto, em vernáculo. Como dia a dia estava aumentando o número daqueles que se interessavam pelos dramas clássicos, tanto no meio acadêmico como no teatral, pensei em dedicar-me ao assunto para oferecer aos estudiosos do tema um trabalho que correspondesse ao resultado de uma investigação e, simultaneamente, para pôr ao alcance do público uma tradução da tragédia passível de ser representada.

A pesquisa foi, em parte, divulgada entre alunos do Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas da FFLCH-USP, que cursaram a disciplina por mim ministrada, em várias ocasiões, intitulada “A composição dramática da pretexta Otávia” (FLC898). Tenho agora o prazer de difundi-la com a presente publicação, concretizada pelo interesse da Editora Madamu.

São Paulo, março de 2021
Zelia de Almeida Cardoso.



Introdução
A pretexta Otávia: observações preliminares
Em meados do século III a.C., quando a dramaturgia latina começou a desenvolver-se e a consolidar-se, sob influência do teatro grego, um provável sentimento nacionalista levou alguns teatrólogos a criar uma nova modalidade teatral que passou a coexistir com as tragédias mitológicas inspiradas em modelos helênicos: a pretexta (fabula praetexta), ou tragédia pretexta, isto é, o drama de argumento histórico, baseado em alguma tradição itálica ou em algum episódio militar de importância, ocorrido em Roma. Das pretextas compostas pelos escritores latinos, porém, desde essa época até o período imperial, apenas a que se intitula Otávia (Octauia) chegou na íntegra a nossos dias. O texto é de autoria discutível. Escrito possivelmente no primeiro século de nossa era, na época dos Flávios, foi por vezes atribuído a Sêneca por ter sido encontrado em manuscrito que continha as tragédias senequianas, mas atualmente é considerado apócrifo pela crítica especializada.

Diferentemente do que teria ocorrido com outras pretextas, nas quais os autores se ocuparam ou com acontecimentos pressupostamente reais, mas por vezes mesclados com antigas lendas latinas, ou com importantes vitórias de generais romanos, em Otávia o argumento foi extraído de uma dolorosa questão doméstico-política: o repúdio e a condenação de Otávia, a primeira esposa de Nero.

Esses fatos foram relatados por Tácito e Suetônio. Inserem-se na tumultuada saga da dinastia júlio-claudiana e suas causas mergulham num passado relativamente distante. Para compreendê-los, em toda a sua intensidade dramática, é preciso retomar alguns episódios da longa história que os determinou.

Descendente de antigas e ilustres famílias romanas, Otávia era filha de Cláudio, imperador de Roma, e de sua esposa, Messalina. Cláudio pertencia à gens Claudia, que, desde o século IV a.C., estivera de alguma forma ligada ao poder; era filho de Druso, um dos enteados de Augusto, e de Antônia Menor; Messalina, por parte de pai, era neta de Marcela Menor, e, por parte de mãe, de Antônia Maior; Marcela e as duas Antônias eram filhas da irmã de Augusto, também chamada Otávia (I); a primeira vinha de seu casamento com Caio Cláudio Marcelo; as últimas, da união com Marco Antônio. Messalina era prima de Cláudio, portanto.

Otávia nasceu provavelmente em 40 d.C., cerca de um ano após o casamento de Cláudio e Messalina. Em 41 nasceu Britânico. Nesse mesmo ano, com o assassínio de Calígula, Cláudio foi aclamado imperador. Algum tempo depois, em 48, Messalina se envolveu com o jovem Caio Sílio, tornou-se sua amante e, prometendo-lhe o poder, chegou a celebrar núpcias com ele numa ausência temporária do imperador. Ao tomar conhecimento do fato, Cláudio condenou Caio Sílio à morte, bem como vários romanos acusados de cumplicidade com a imperatriz. Segundo Tácito, ele não chegou a condenar a esposa formalmente. Um de seus auxiliares, no entanto, o liberto Narciso, dirigiu-se aos centuriões e lhes transmitiu o que dizia ser uma ordem do imperador: a execução sumária de Messalina. Uma vez viúvo, Cláudio contratou um novo casamento com sua sobrinha Agripina, filha de seu irmão, Germânico. A união contrariava os costumes romanos por ser considerada de caráter incestuoso e só foi autorizada graças à votação de uma lei especial. Assim que se ajustou o matrimônio, Agripina, conhecida por sua ambição, tomou as primeiras providências: planejou uma acusação de incesto contra Lúcio Silano, a quem Otávia havia sido prometida em matrimônio na infância, e obteve o perdão de Sêneca, banido anos antes por Cláudio, para que o filósofo voltasse a Roma e se tornasse preceptor de Lúcio Domício, o filho que ela tivera em um casamento anterior. Mais tarde obteria do esposo o contrato nupcial que uniria Lúcio Domício a Otávia, bem como a adoção do jovem que, por direito, passou a usar o nome de Nero, um nome bastante comum na família Cláudia.

O casamento de Nero e Otávia é narrado com parcimônia por Suetônio e Tácito. Em 54, com a morte de Cláudio, em estranhas circunstâncias, Nero foi saudado como novo imperador e assumiu triunfalmente o poder, suplantando Britânico na linha sucessória por ser o filho mais velho do imperador morto. A partir de então, os fatos domésticos se precipitaram. Em 55, Britânico morreu durante um banquete; em 59 morreu Agripina que, nos anos anteriores, se desentendera com o filho por várias razões: por não ter aprovado o assassínio de Britânico, por questões políticas e, sobretudo, por não aceitar a paixão do jovem pela bela Popeia, em detrimento da união com Otávia. As mortes de Britânico e Agripina foram consideradas da responsabilidade do imperador. Em 62 Nero repudiou Otávia, acusando-a de esterilidade, e alguns dias depois se casou com Popeia de quem já era amante. A nova imperatriz instigou um dos escravos de Otávia a acusá-la de adultério; a ex-esposa de Nero, vítima de um processo, foi exilada na Campânia, embora inocentada. Como o povo romano reagiu contra o exílio, Nero chamou Otávia de volta e houve um início de rebelião popular. Otávia foi novamente acusada de adultério, bem como de traição e aborto. Condenada ao exílio e enviada à ilha de Pandatária, ali foi morta com requintes de crueldade.

Desse emaranhado de fatos, o autor da pretexta retirou a matéria que iria elaborar de maneira a dar-lhe forma dramática.



SOBRE A TRADUTORA:
Zélia Ladeira Veras de Almeida Cardoso (1934-2021). Natural de São Paulo, licenciou-se em Letras Clássicas em 1957, pela USP, onde também obteve os títulos de Doutor em Letras e Livre-Docente em Literatura Latina e foi aprovada em concursos oficiais para preenchimento dos cargos de Professor Doutor e Professor Titular de Língua e Literatura Latina. Foi coordenadora da área de Língua e Literatura Latina do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e do Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas, junto ao qual, de 1979 a 2012, ministrou disciplinas e orientou numerosas monografias de mestrado e teses de doutorado. Foi membro fundador e uma das coordenadoras do Grupo de Pesquisa “Estudos sobre o Teatro Antigo”, certificado pela USP e pelo CNPq e filiado à Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC), da qual foi sócia fundadora e Presidente durante o biênio 1995-1997, sendo atualmente sua sócia honorária. Teve uma centena de publicações, aí somados livros, capítulos de livros, artigos em periódicos científicos, revistas, jornais e atas de congressos, e participou de inúmeros eventos em unidades universitárias do país e do exterior. Faleceu em 10 de julho de 2021, dois dias após completar 87 anos e dois meses após o lançamento de Otávia - seu último trabalho publicado.

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