Livro A existência na filosofia de S. Tomás de Aquino | Étienne Gilson | 2a. edição

“A existência na filosofia de S. Tomás de Aquino” é um livro de Étienne Gilson que só existe no Brasil. Sua concepção data de 1956, quando o filósofo francês veio ao Brasil e, em São Paulo, proferiu seis conferências sobre o tema para o Centro Dom Vital. Ao partir, deixou os manuscritos com o prof. Geraldo Pinheiro Machado e instruções para traduzir e publicar um livro, que efetivamente foi lançado em 1962 pela Livraria Duas Cidades.

Seis décadas depois, a obra ganha nova edição com tiragem limitada, pela Editora Madamu. A tradução passou por revisão técnica conduzida pelo filho do prof. Geraldo – prof. Francisco de Ambrosis Pinheiro Machado e pelo prof. Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento, que também assina nova tradução dos capítulos VI e VII. Foi feito um esforço para uniformizar as referências, bem como foram traduzidas algumas citações em latim.

Como disse o prof. Geraldo Pinheiro Machado, por ocasião do lançamento da primeira edição (1962), “este pequeno livro é obra de maturidade. A análise que o admirável filósofo transmitiu, aos 72 anos de idade, ao auditório interessado e atento de São Paulo, situa-se em linha ascendente no conjunto de sua obra; sob muitos aspectos é superior a todas que escrevera anteriormente, no mesmo gênero, sobretudo pela visão sintética em que apreende como que o “específico” tomista em Filosofia. Seja por esta, ou por outra razão, sente-se no opúsculo um espírito vigoroso e comunicativo.”

SOBRE O AUTOR
Nascido em Paris em 1884, Étienne-Henry Gilson foi um filósofo, historiador da filosofia e um dos mais importantes intelectuais católicos do século XX. Embora fosse reconhecido como um dos maiores historiadores da filosofia medieval de seu tempo, Mortimer J. Adler o considerava um dos poucos grandes filósofos da época. Gilson se formou no Liceu Henri IV em 1903 com um diploma de bacharel e um certificado da Faculdade de Letras da Universidade de Paris que lhe permitiria continuar seus estudos na Sorbonne.

Gilson matriculou-se na Sorbonne em 1904 e ali completou seus estudos em três anos. Especialmente memorável para Gilson durante este tempo foram um curso sobre Descartes que ele fez com Lévy-Bruhl e um conjunto de palestras que Henri Bergson deu no Collège de France. Outros grandes pensadores com quem Gilson estudou durante esse período incluem Émile Durkheim e Victor Delbos. Depois de receber um diploma em filosofia, em outubro de 1907 Gilson foi nomeado “professor provisório de filosofia” no Lycée de Lalande em Bourg-en-Bresse, o primeiro de vários liceus em que lecionaria.

Entre 1921 e 1923, a reputação internacional de Gilson começou a aumentar e ele adquiriu muitos alunos e alguns futuros amigos, como Henri Gouhier. Seu trabalho na Sorbonne e na École concentrou-se fortemente em Santo Agostinho, e seu trabalho na Sorbonne também se concentrou no estudo de São Boaventura. À medida que a reputação internacional de Gilson começa a crescer, cada vez mais ele participa de congressos filosóficos internacionais e aceita palestrar como visitante. Essa atividade internacional de Étienne Gilson o levaria a ser um dos fundadores do Instituto de Estudos Medievais da Universidade de Toronto, Canadá, onde o filósofo proferiu inúmeras palestras ao longo da carreira. Essa colaboração faria com que Gilson passasse muito tempo entre os Estados Unidos e o Canadá.

Em 14 de abril de 1956, Étienne Gilson partiu de Nova Iorque para uma viagem de dois meses à Colômbia e ao Brasil. Em São Paulo, Gilson proferiu seis palestras em nove dias, especificamente sobre o tema “A existência na filosofia de S. Tomás” - que dariam origem ao presente livro. Na partida, entregou os originais de sua fala ao prof. Geraldo Pinheiro Machado, com orientações para transformar em livro tal conteúdo. É importante ressaltar que a maratona de viagens e palestras impressiona devido à idade de Gilson, então com 72 anos. Com efeito, a partir de 1957 os convites começam a ser recusados, e Étienne Gilson permanece mais tempo na Europa.

Sua atividade continua constante até 1972, quando a idade avançada e a saúde o levam a passar mais tempo em Cravant, na França. Em setembro de 1978, então com 95 anos, Gilson mudou-se de sua casa para o Centre Médico em Auxerre. Enquanto o físico ia gradualmente se debilitando, Gilson permaneceu intelectualmente alerta e falante até sua morte, em 19 de setembro de 1978. Ele está enterrado ao lado de sua esposa, Thérèse, no cemitério de Melun.

No livro Étienne Gilson: a bibliography (Toronto: Pontifical Institute of Medieval Studies, 1982), Margaret McGrath relata que, durante sua vida intelectual, as publicações conhecidas de Gilson somaram 935 obras: 172 monografias, 8 livros editados, 4 edições de séries, 2 antologias, 307 artigos acadêmicos, 36 prefácios, 296 artigos de interesse geral e 104 resenhas de livros.